R$ 300 por meio Hino nacional
Eu devia estar indo dormir mas essa eu tenho que contar.
Hoje rolou uma palestra com um guruzão da Administração, o Tom Peters, abrindo um megaevento de palestras de bam-bams da gestão, intitulado "Gestão do Futuro". Isso tudo ia acontecer no Palácio das Artes, aqui em BH.
Devido a minha nova profissão, eu queria bastante ir, mas desanimei quando vi o preço: R$ 300, só pra ver o Mr. Peters...
Aí ontem me liga um amigo falando assim:
- Ô Zé... eu tou precisando recrutar umas vozes pra formar um coralzinho pra cantar o hino nacional lá na palestra do Tom Peters... não tem cachê nem nada, mas quem quiser ficar pra ver a palestra, pode... como você conhece canto coral, eu te botaria lá como sendo do coral da minha faculdade... tá a fim?
- Mas é ÓBVIO que sim!!!
Em resumo: entrei pelos fundos do Palácio das Artes, sem fila (a que houve foi bem grande), cantei, com a galera do pseudo-coral, só a segunda metade do hino, do meio da platéia mesmo (era pra ser uma surpresa. A primeira parte foi cantada por um menino de 5 anos, no palco). Me dei bem.
A palestra foi excelente, excelente mesmo, e no final ainda teve um coquetel, com champanhe e o escambau... e "paguei" meu ingresso dizendo: Deitado eternamente em berço esplêndido...
Algumas impressões sobre a coisa toda:
1) O senhor Peters é um cara fora de série, mudou meu conceito de liderança. E me ensinou outra coisa por tabela: ser incisivo, quase agressivo quando se está falando valoriza bastante (embora de um jeito meio bizarro) seu ponto de vista.
2) Esqueci de dizer que a palestra foi toda em inglês. Havia tradução simultânea em uns fonezinhos de ouvido que o pessoal distribuiu e que foram usados, para minha surpresa, por 70% da platéia. Putz, pra que serve, afinal, esse tanto de curso de inglês que pipocam por aí?
(Se você se perguntou, não, eu não usei os fones. E entendi 98% da palestra)
3) O engraçado eram as piadas com delay: O Tom falava, quem estava sem fone ria, depois de uns 2 segundos o pessoal do fone ria também...
4) O começo do evento ia bem, trouxeram um pessoal tocando tambores de maracatu, fizeram um batuque muito legal... aí de repente me entra um "transformista" (palavra educada para "travesti") ruivo de sapato de salto e saia rodada dançando aquela música:
Morena de Angola que tem o chocalho amarrado na canela...
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela?
E pra coisa piorar, descem mais DOIS travestis seminus em cordas, de cima do palco, e o trio viadagem dança "Brasil, mostra a tua cara", na voz da cantora-botinha Simone. Com direito a reboladinhas e pulinhos. Parecia um show da Madonna.
Um dos travecos era um negão, alto e das pernas musculosas. E sambava como louca, chacoalhando a bunda e as pernas musculoas em cima do sapato de salto. Eu tive vergonha do meu país. Inclusive a primeira coisa que o Tom Peters falou foi:
- Normalmente eu sou a tempestade depois da calma, mas depois de ver isso eu acho que estou sendo a calma depois da tempestade...