Matrix Reloaded: Um review mais completo
Pois é, eu acabei de falar do Matrix Reloaded mas vou falar de novo já que estou atoa no serviço. Não leia se ainda não tiver assistido.
Eu imagino que se eu estivesse assistindo o filme com os irmãos Wachowsky, diretores/roteiristas do Reloaded, a coisa seria assim:
- Pô gente... cadê aquelas frases de impacto legais do Morpheus? E o Tank, onde foi parar?! Botaram esse Link tosco aí pra tentar fazer comédia, é?
- Olha... tipo que a gente gastou o enredo todo no primeiro filme, mas olha ali o Neo batendo em centenas de Smiths ao mesmo tempo!
- Uau!!! UAAU!!! Queisso!!!
(Minutos depois)
- Ah nem viu... quando é que esse francês mala vai parar com esse papo idiota?
- Mas isso, er, bem... faz parte da história...
- Tá, ele construiu a "tortinha de chocolate do orgasmo" e fica nesse papo de "causa e efeito", o que diabos isso tem a ver com a trama?
- Olha... na verdade... ei, dá uma sacada no Neo lutando contra os guarda-costas do francês...
- Uaaaau!!! Uaaaaaaaaaaaaaau!!
- E dá uma olhada no Morpheus-samurai dando porrada no Agente...
- Oooaaa!! Que doido!!!
- E olha ali a explosão dos dois caminhões batendo de frente e com o Morpheus e o Keymaker em cima!! Presta atenção que a câmera vai rodar!
- QUEQUEWILSON!!! Nuooosssaaa!!!
(minutos depois o filme acaba)
- Putz, não entendi nada desse final maluco, mas PUUUTZZZ as cenas de ação são DOIDIMAAAAIS!!!
- Hehe, deu certo! - os irmãos Wachowsky cochicham
Em resumo, não dá pra esperar novidade nesse filme. De fato, vários aspectos de comportamento dos personagens ficaram altamente sub-aproveitados. Morpheus não é mais o mesmo e Zion é decepcionante: uma mistura de monarquia com igreja protestante, festa rave (ou baile funk) e militarismo de palavreado bonito. A parte "filosófica" é outro equívoco: não adianta os críticos quererem que saia filosofia real de um filme de Hollywood. A coisa vai ser meio simplista, afinal tem que ser, por causa do público.
Na verdade, a metáfora das pílulas, a azul e a vermelha, se aplica perfeitamente. Se você tomar a pílula azul, verá a coisa sob os olhos dos críticos especializados, vai ver muita cafonice, um roteiro cheio de coisas manjadas, muito artificialismo, filosofia de boteco, histórias bíblicas com direito a um Jesus-Neo, traidores "judas-like", um Deus-arquiteto e uma produção orientada para que você ache as (looooooongas) lutinhas revolucionárias.
Agora, com a pílula vermelha... você vai viajar nas falas do Oráculo, ficar confuso e questionar a realidade quando Neo conversa com o Arquiteto... e achar tudo lindamente decorado com as cenas de ação. Você vai até achar o Keanu Reeves um bom ator!