Estou com 2 CDs aqui que merecem um review track-by-track, um de tão bom e outro de tão ruim. Obviamente, vou começar pelo ruim, porque dá mais piadas: é o JOVEM PAN NA BALADA 6

Calma, calma, eu NÃO comprei o CD, ganhei no amigo oculto da academia, em Dezembro, e só agora tive coragem de ouvir. A primeira faixa é Mad House - Like a prayer. Quando ouvi o começo da letra (life is a mystery...) e vi que era uma versão do bootleg da música da Madonna que toca no rádio, e que é tirada na cara dura de um MP3 (dá pra ouvir claramente), apertei o next no CD.

Aí a segunda faixa é a única que eu guento ouvir no CD. É Lasgo - Alone. Eu adoro o inglês truncado da cantora (que é belga). Ela não diz If only, e sim 'fonly...

Depois, veio a terceira, DJ Sammy - Heaven. Toca o tempo todo no rádio, então apertei next. Aí acabei apertando next nas outras três músicas que também eram manjadíssimas do rádio. Haja saco, o disco tava tão igual...

Aí veio outro remix tosco, Novaspace - Time after time. Remix da música velha de mesmo título. Eu odeio isso, ODEIO. Os caras ficam sem criatividade pra fazer música nova, aí se apoderam das antigas. A próxima faixa prometia, porque era Molella - Love lasts forever. Pensei: "Pô, Molella, as músicas dance deles nos anos 80/90 eram muito boas!".

E veio a decepção. Essa música eu já tinha ouvido antes, e é uma música que eu não consigo definir com outro termo que não seja música de boate gay. Tem um trecho onde cantam uns caras fazendo voz de machão e na mesma hora vem na minha cabeça aquela cena bem "Queer as Folk", aquele bando de gays musculosos rebolando na pista de dança. Argh. Medonho.

A próxima faixa eu também conhecia, era Mademoiselle - I do what I want. As outras duas seguintes eu nunca tinha ouvido, mas dei next assim mesmo, eram exatamente iguais ao resto do CD, só mudavam as (poucas) notas da melodia e a voz de quem cantava.

Mas nada podia me preparar para a faixa 12, Pink Coffee - Another brick in the wall. Pára e lê de novo o nome da música. Agora lê o nome da "banda". Um remix de música véia só fica pior do que já é quando o nome da "banda" é uma paródia do nome da banda original. E, pelamordedeus, The Wall já venceu, já passou, é velha, chata, manjada, toca em todo lugar, principalmente DAs de faculdade e carros de boys com idade na faixa dos 30. "We don't need no", não eu não preciso mesmo.

A faixa 13 era um bônus nacional: Cláudio Zoli - Noite do Prazer. Os primeiros segundos da faixa são o Cláudião falando numa voz sussurrada: "Vem ficar comigo depois que a festa acabar...". NEXT, rápido!!!

Ahh, agora a 14 e 15 são um "Bônus techno", será que tem algo bom? A 14, Derb - Derb, não é techno. O ritmo é repetitivo como todo bom techno, mas a música se resume ao ritmo e a um sintetizador tocando 3 notas. Três notas. O tempo todo. Basicamente é algo entre o trance de rádio e o techno de rádio. Ah, e eu já conhecia a música também.

Mas na 15... DJ Bart - The Message acabou comigo. Veio um "tum tum tum" num bassdrum bem lo-fi que conseguiu até me animar.. mas aí depois veio um baixo todo trance e um sintetizador mais trance ainda... e eu fiquei: "Mas que diabo de "techno melódico" é esse?". E enquanto eu pensava, o CD me deu o golpe de misericórdia: uma voz, que dizia:

- Let me tell you why you're here... you're here because you know something...
- Meu Deus... não pode ser! - pensava eu.
- What you know you cannot explain... but you feel it. You felt it your entire life...
- Não... meu Deus, é o Morpheus!!
- There's something wrong... you don't know what it is... but it's there... like a splinter in your mind... driving you mad...
- OH NÃO!!! ELES SAMPLEARAM MATRIX!!!!

E aí eu ejetei o CD e comecei a pensar pra quem eu vou dá-lo de presente.

Mas vamos ao segundo CD, o bom, o foda! NOISE MUSIC COMPILATION!

Esse disco é coletânea do selo de Anderson Noise, o Noise Music. É um CD mixado só com músicas de artistas do selo, incluindo o Anderson, Renato Cohen que, na minha opinião é um dos melhores produtores de techno do Brasil, e outros menos conhecidos (por mim) como Jamie Anderson.

A faixa um é do Noise, chama-se Você Mesmo e começa o CD como quem diz: "Toma, distraído!!". É genial. É o Anderson na sua maturidade de produtor. É um techno que te dá vontade de mexer a bunda. Sempre que eu boto esse CD no carro, eu fico igual retardado dando soquinhos no volante quando entra o bassdrum...

Depois vem Formula, de Renato Cohen. Um ritmo com congas eletrônicas e um slap bass combinados de forma bastante interessante. É o Cohen fazendo valer os meus elogios pra ele.

Aí veio o Noise e Marco Lenzi, com Augusta. É uma música mais soturna, com umas guitarras abafadas e longos trechos com sweeps de filtro. Essa não é uma das melhores faixas do CD, mas ainda assim foi bem colocada pelo Noise, porque serviu de introdução pra faixa seguinte.

Change, de Hugh e Latá, remixada pelo Noise, é um "techno com letra", uma voz feminina que repete, sobre um tom ácido, coisas como "there is no norm, except change". Tudo isso com um sub-bass estouradão no fundo. Aí seguiu-se um mix impecável onde Noise lascou, na sequência, sua nova criação (que tem clipe e tudo).

Copacabana é um conceito muito, er, divertido eu diria. Um ritmo dançante, com os snares acompanhando o baixo, e além disso um trumpete maluco: é mais ou menos como se o Noise tivesse feito a música tocando um disco de sons de trumpete na pick-up desligada. Outra bela sacada, eu adoro essa música.

Depois o CD não baixa mais a bola e fica num nível incrivelmente interessante. A sexta faixa é mais Cohen com Acid on House. É um tech-house ácido e bastante, er, pra frente. Foi mal, mas é meio estranho achar palavras pra descrever techno. Ah, tem letra também. Coisas tipo: "Embrace the essence of house..."

A próxima, também do Cohen, é Vodu é pra jacu, título baseado num desenho do Pica-Pau! E aí o Cohen fez exatamente isso, um vuduzão: no meio da música, o bassdrum pára de fazer o "tum tum tum tum" de sempre, fica um tempão fora e, de repente, entra num ritmo quebrado, igualzinho um tambor tribal. Cara, eu adoro essas surpresinhas!...

Aí vem a primeira faixa mais "hard" do disco. Abelhas, do Cohen (ainda) é um ritmo abafado, um sub-bass e um barulho de enxame de alguma-coisa que vai crescendo e crescendo e crescendo... mas dessa faixa eu não gostei muito não, faltou alguma coisa. Uma abelha-rainha, talvez.

Jamie Anderson dá sua contribuição na próxima faixa, com Tornado. Só que ele seguiu a mesma idéia de Abelhas: além da batida, tem dois sons que "rodopiam" no fluxo da música, um "tum" e um zumbido, ora com o volume modulado, ora com o volume constante. Ficou mei chato.

Mas aí Cohen volta, com a "menina dos olhos" do techno nacional: Ponta Pé. A faixa mais famosa do nosso amigo aí acabou me convencendo: é realmente uma bomba. Cohen, malaco que é, usa um som constante de algo parecido com uma guitarra e, de repente, quando a música vai mudar, ele faz um "Tum! Paaam", toca por meio tempo o som num tom diferente e volta ao normal. E essas quebras acabam tornando a coisa muito interessante.

Cohen encerra sua participação com Spank, a faixa 11. Tem um sample vocal que fica falando algo tipo "bang bang!". Fora isso não acontece muito mais coisa, mas o CD já vai se aproximando do fim...

Guaicurus, a próxima faixa de Noise e Marco Lenzi, tem o nome da rua mais tosca e marcada pela prostituição daqui de Belo Horizonte. Guaicurus é escura, alerta, se move nas sombras. A música e a rua. O problema é que ela ficou entre duas faixas fracas e acabou perdendo muito do seu brilho por isso.

Distance, de Marco Lenzi, fecha o CD. É uma construção de acordes descendentes que se repetem sem acrescentar muita coisa. Aí, no crepúsculo da coisa toda, a compilação da Noise Music valeu muito!! Esse CD não vai sair do meu carro tão cedo.