Baden - Wurttemberg
É o que está escrito atrás de uma canequinha que tenho na minha estante.
Outro dia, arrumando o porta-malas do carro, que passou meses carregando minha velha coleção de revistas em quadrinhos do Homem Aranha por pura preguiça minha de arrumar, achei essa caneca no meio de outras tralhas que estavam lá. Só que essa canequinha tem história...
Há uns cinco anos atrás, não me lembro bem, eu e uns amigos fizemos uma viagem maluca de carnaval para o Rio Grande do Sul. Foram dois dias de carro (só de ida), até chuva de madrugada na Fernão Dias (a "rodovia da morte") nós pegamos. Ficamos um tempo em Porto Alegre, Caxias do Sul, Gramado e tal. Na ida e na volta, dormimos em Curitiba, na casa da prima de um amigo. Numa dessas noites, na terça-feira de carnaval, se não me engano, saímos e fomos nesse barzinho alemão, o Schwarzwald.
E lá estava eu, sentado, cansado da viagem e, no meio dos meus dezenove anos, chateado da forma mais adolescente possível com minha auto-estima, me achando feio e pensando idiotices como : "putz, em pleno carnaval, nem assim mulher olha pra mim". Até que o inesperado aconteceu: o garçom me entrega um "torpedo", um bilhetinho, vindo de uma mesa próxima.
Obviamente, o primeiro impulso foi achar que era gozação de alguém. Não me lembro do que tinha no bilhetinho, mas acabei respondendo-o desacreditadamente, falando algo do tipo "Obrigado mas não sou daqui e estou voltando de viagem amanhã" ou algo assim. Até que a menina do bilhete se identificou. E era mesmo uma menina, uma morena surpreendentemente bonita e não parecia estar de brincadeira. Tanto que as amigas que estavam com ela de repente trataram de evaporar e deixá-la sozinha na mesa.
E, trouxa que era, acabei não indo até lá nem fazendo nada pelo pensamento de "eu nem sei onde estou direito, eu é que não sou louco de sair com uma mulher assim do nada, e além do mais a gente tá saindo mesmo". Não muito tempo depois o pessoal resolveu ir embora e, passando pela mesa da menina, ela vira pra mim e pergunta:
- Já está indo? Senta aí, vamos conversar um pouco...
Pois é, era mesmo verdade. Acabei pedindo desculpas, explicando a minha situação e saindo assim mesmo. Se não me engano ela ainda disse um "Que pena". E naquele dia fui dormir pensando no que aconteceu e pensando que talvez eu não fosse tão tosco quanto imaginava. E trouxe a canequinha, que ganhou um significado especial, como pouquíssimas coisas minhas tem: é pra não esquecer daquele dia e me lembrar que, por mais que eu me ache o pior dos piores, tem sempre algumas doidas que gostam, hehe :)