Velhas Histórias (micos) do Primo
Lembrei disso outro dia... e como não tou a fim de trabalhar, vou contar aqui.
Lá por volta de 1992, estava eu em viagem familiar para Porto Seguro. Essa viagem foi, bem, "pitoresca" por dois eventos:
Primeiro, estávamos nós na praia, nada pra fazer. E como se trata de Porto Seguro, obviamente tem aquelas "pistas de dança de música baiana" na praia. Fica uma mulher animando os turistas imbecis, dançando em cima de um palanque, e todo mundo embaixo, imitando. No final, iam ser sorteados dois ingressos para um "luau", mais à noite.
Minha mãe, vendo o meu tédio, praticamente me jogou no "dance floor baiano". Naquela época, nos meus 13 anos, eu não tinha noção do crime que é ser conivente com a música baiana, então acabei indo. E ia imitando a mulherzinha do palanque... olhando para os lados, vendo minha mãe tirando fotos e me sentindo um idiota.
Aí, no final, a mulher pega o microfone para dar os ingressos do luau. Depois de dar um deles para uma menina, disse: "E o outro ingresso vai para aquele menino ali, que arrasou!!" - disse, apontando para mim. E era eu mesmo... num dos fatos negros do meu passado: ganhei um ingresso por dançar música baiana.
Acabou que nem no luau eu fui.
O outro evento "pitoresco" foi que, em frente ao hotel onde ficamos, havia um quiosque. No quiosque, trabalhava uma menina muito bonita e, quando íamos para lá tomar água de coco no final das tardes, a menina ficava olhando pra mim. Eu, na época muito burrão, só notei porque minha mãe disse. Aquilo nunca tinha acontecido, era uma oportunidade de ouro para mim que, até então, me achava o pior dos feios.
Um dia, tomei coragem e fui conversar com a menina. Parecia um milagre: ela estava praticamente se jogando pra cima de mim. Isso NUNCA havia acontecido antes... eu sempre me achei feio e nada atraente, e de repente tinha uma menina me fazendo elogios e se insinuando toda. Na minha cabeça de 13 anos aquilo era um paradoxo do destino :)
A coisa foi tão bem que marcamos de encontrar, mais à noite, na Passarela do Álcool, uma conhecida avenida do centro turístico da cidade. Como eu conhecia pouco do lugar, sugeri encontrá-la num ponto que eu conhecia: na porta do shopping que havia lá.
Pouco antes do horário combinado, lá estava eu, indo para o shopping, feliz da vida, pensando que ia finalmente me dar bem... quando, no meio do caminho, me lembrei de um detalhe: A passarela do álcool tem DOIS shoppings, um no começo e um no final da avenida. "Fudeu. Qual deles?!?", pensei. E aquela seria a minha única oportunidade de tentar alguma coisa com a menina, pois no dia seguinte era dia de pegar o avião e ir pra casa...
E, desesperado, elaborei o plano de emergência: checar os 2 shoppings. Ia para um, ficava 2 minutos, andava desesperado-quase-correndo até o outro, ficava mais 2 minutos, repetia o processo. Entre os 2 shoppings havia uma caminhada de mais ou menos 600 metros. E andava eu, quase correndo, pela passarela, desesperado por estar perdendo uma namorada praticamente conquistada... por um erro estúpido de cálculo. Imaginem o ridículo.
Depois de uma hora, muita ansiedade e meio litro de suor, obviamente não encontrei a menina e voltei, derrotado, para o hotel. No dia seguinte, antes de pegar o avião, ela estava no quiosque, me perguntando por quê eu não havia aparecido. Murphy nunca falha, o meu plano desesperado do dia anterior, obviamente, não deu certo. E, da janela do avião, na viagem de volta, fiquei olhando o mar e pensando que ia acabar morrendo solteiro...