Eletronika Telemig Celular - Dia 3
O dia 3 foi, de longe, o mais cheio do Eletrônika. Os shows começaram do outro lado do parque, no Laboratório Eletrônika, com pexbaA. Chegamos no final do show e só ouvimos umas 3 músicas. Mas o que ouvimos foram as maluquices do vocalista, cantando como o Scooby Doo, e muita coisa jazzística no meio. É um show denso, mas legal!
Na sequência, uma banda que me surpreendeu: Cidadão Instigado. Cearenses e paulistas tocando guitarra, zabumba, teclado, triângulo, Drum'n Bass, Baião, Rock e o escambau. Nunca tinha visto uma mistura tão bem feita e ao mesmo tempo tão brasileira. O vocalista/guitarrista/tecladista, Fernando Catatau (se não me engano), era o emulador de toda a música da banda: gritava, se contorcia, dava tapas no tecladinho Roland, produzindo sons ora bizarros, ora guturais, ora espaciais. Tudo com muita carga emocional. Pontos, muitos pontos para o Cidadão Instigado.
Saímos do laboratório esperando encontrar, segundo o horário, Patrícia Marx tocando ali ao lado, na "Plataforma Eletronika". Só que não tinha NINGUÉM lá, havia um DJ desconhecido tocando tech-house para as árvores... mais tarde esse espaço foi desativado e alguns shows passaram para o palco principal. E falando nele, depois de uma espera (!!) pra entrar, Filipe Foratini inaugurou a noite no Teatro Francisco Nunes. Belíssimo set, um house empolgante mixado com técnica. No final, tiveram que avisar o Fillipe que era hora de sair: foi engraçado vê-lo esmolando mais uma ou duas músicas com a produção, e apelando por não ter conseguido... Aí, eu e Luiz fomos tomar um ar e beber alguma coisa lá fora. Uns 10 minutos depois, olhamos para o telão e lá, a surpresa: o show de Patrícia Marx havia começado, dentro do teatro. Olhamos um para o outro: "Temos que ir pra lá AGORA!".
Existem shows bons, shows ruins e shows que estão tão fora dessa gradação que são divertidos. Foi o caso de Patrícia Marx, tocando para um teatro até mais cheio do que imaginei. A música pop farofa, o visual da Patrícia, a iluminação e a banda politicamente correta me davam a nítida impressão de que eu estava no Domingão do Faustão. Ou no programa do Gugu. A platéia assistia, meio que em posição de respeito, afinal acho que ninguém avisou à Patrícia que ela era o peixe mais fora d'água que se podia imaginar. Detalhe: Na platéia havia UMA pessoa que sabia as letras das músicas: era o marido da cantora...
Depois de outra pausa para um caldo de mandioca (morno, mas gostoso), fomos visitar o espaço do Eletronika Parque. Lá, 2 DJs socavam Drum'n Bass para um público com idade média de 17 anos... os DJs eram Kowalsky (acho) e mais alguém: a programação estava tão confusa que eu não consegui mais saber quem tocou no Eletronika Parque. Luiz não se convenceu do som, eu achei normal, e só. A molecada pulava e gritava empolgadíssima a cada besteirinha que os DJs faziam. Na segunda vez que entramos no Parque, rolava mais Drum'n Bass pelas mãos de outro DJ desconhecido (provavelmente Technozoide), com uma cantora chinfrim. Um pouquinho mais de luz e eu estaria novamente no Domingão. Destaque para as letras das músicas: simplesmente horríveis. Não convenceu.
De volta ao Eletronika Clube, lá estava Renato Lopes, despejando tech-house e apenas tech-house no teatro lotado. Luiz disse, no final, que Renato "não ousou", e eu concordo. Houveram momentos bons no set, o público gritava e balançava, apesar do calor, mas Renato limitou-se a apenas fazer o seu trabalho, sem muita inovação. Foi bom, mas só. Até que surge no palco o DJ Marky, cumprimentando o DJ. A platéia ficou desesperadamente empolgada só com a presença do negão. E eu, que estava aguardando esse momento desde a quinta feira, pensei comigo: "Lá vem bomba..."
E então, entra Marky... e, para descrever o que rolou, eu vou ter que usar um palavrão: Putaquepariu... fazendo um trocadilho horrível para explicar o tanto que o cara e bom, digamos que o Marky é o Pelé, o Kasparov, o Schumacher das pick-ups. É chover no molhado falar que a técnica dele é foda e tal, mas eu vou falar de novo, porque a técnica dele não é apenas foda. É impressionante. Todas as passagens foram, no mínimo, surpreendentes. Um detalhe que me deixou embasbacado: Marky conhece CADA CENTÍMETRO de seus discos, cada letra, cada momento onde acontece um blip ou um tóing diferente nas músicas. As que tinham vocal eram cantadas por um marky Empolgadíssimo, pulando igual pipoca em frente o público desesperadamente empolgado. Marky tocava piano no ar, socava o espaço vazio no ritmo da música, era sincronizado até nas coreografias. Por sinal, metade da empolgação dos sets de Marky vem dele: ele está permanentemente sorrindo, pulando, chacoalhando com a música. E o público responde a cada mexida que ele dá, mesmo que não seja nas pickups. Em relação ao set, Marky alternava entre o DnB mais jazzy, com vocal, e faixas mais pesadas, com um baixo destruidor que ele adorava fuxicar com o mixer, para delírio do povo. Nem precisa dizer que Marky foi o homem da noite né...
Na sequência, Renato Cohen assumiu as pickups, com "Ponta pé" de primeira música. Cohen é realmente perfeccionista: mexia o tempo todo no 'pitch' para certificar que a mixagem ia ficar impecável. E ficava... eu vi pouco do show, estava muito cansado pra continuar de pé, mas o que vi me agradou demais. Queria ter tido mais bateria para continuar e ver Anderson Noise, mais tarde. Eu tento ver o Noise desde o segundo Eletrônica, mas nunca dá.
Em resumo, o dia foi excelente, exceto pela lotação do teatro, desorganização quanto ao local dos eventos, e ao meu carro, que foi arrombado na Rua da Bahia, ao lado do parque, pra fechar com chave de ouro meus 3 dias de shows. Feliz do ladrão, que levou, entre outras coisas, meu CD do Marky, o Audio Architecture 2, novinho. Além do meu CD player, minha pasta com agenda, chaves, etc...