BH
Coisas de Belorizonte...
Sabe aquele sinal da Tamóios com Afonso Pena...do lado da Igreja São José? Aquele, pra mim, é o sinal mais underground de BH. Tem uma lotérica à esquerda, também uma lojinha de óculos, e tem uma porta que desce e vai parar não-se-sabe-onde. E um hotel xis estrelas. O sinal demora propositadamente pra você ficar vendo o Edifício Acaiaca, com aquelas duas famosas estátuas dos "índios catarrentos" dos dois lados da fachada. Me lembro de perguntar porque aqueles índios ficavam com o nariz sujo pro meu pai e me lembro de que ele não soube responder.
O que me deixa mais intrigado são os vendedores. Tem uma família que vende bala naquele sinal...e todo santo dia as meninas estão estranhamente maquiadas, batom, sombra e tudo o mais, e bem vestidas, com suas caixinhas cheias de bala de café. Mais pra cima, na esquina com a Rio de Janeiro, tem um cego que vende loteria. Ele fica parado gritando "Olha hoje o Toto Bola, tá acumulado o Toto Bola...", num mesmo tom de voz, sem parar. A manhã toda. Digo isso porque trabalhei uma época no Banco Mercantil que tem ali e ficava do sétimo andar ouvindo esse refrão Totobola até a hora do almoço. Mas no sinal mesmo tem também o cara dos mapas, que todo dia cisma com a minha cara e me empurra um mapa imenso da cidade. Fala a verdade, você compraria um mapa no sinal?? Eu sim. Quando eu me mudar, daqui a alguns dias, eu vou (mesmo) comprar um mapa daqueles e pendurar no meu novo quarto. Sério.
Mas o ápice do underground desse sinal é o vendedor de bilhete da loto. É um cara com seus 50 anos, baixinho e barrigudaço, com cabelo encaracolado, lambido, e com uma cara de tio tarado. Ele fica mexendo a boca, mascando um palito ou arrumando a dentadura, e para toda mulher que passa ele dá aquela olhada catastroficamente pornográfica. Aquele cara me dá medo. Aquele cara parou em 1940. Ele é o meu mascote, o ícone máximo do centro de Belo Horizonte.