Só pra não esquecer de contar: meu Gambiarra Sound System ficou popular por aí. Recebi vários emails sobre ele e esse cara até reproduziu o esquema no carro dele...

Mas vamos ao fim de semana. Com dois dias de atraso:

Toronto by foot

No sábado de manhã peguei o trem e fui, sozinho, até Toronto. Eu tinha dois objetivos: aprender a andar na cidade e, obviamente, passar algum tempo sozinho.

É muito fácil andar em Toronto. As ruas são todas perpendiculares e os pontos cardeais são usados pra indicar a direção; por exemplo, você não "sobe a avenida Spadina", você "pega a Spadina para o norte". Além disso, a cidade é dividida no meio pela Yonge Street, a maior rua do mundo. As ruas perpendiculares a ela se dividem em "West" para a esquerda e "East" para a direita. Assim, quando te falam pra ir na "King Street West" você sabe que é a parte da rua King que fica do lado esquerdo da Yonge.

Ah, e se tudo mais falhar, é só olhar para cima e procurar a CN Tower, que fica no sul da cidade. É o melhor ponto de referência.


CN Tower, refletida nos prédios

Meu almoço foi no St. Lawrence Market, o "Mercado Central" de Toronto. Comi um sanduíche enorme numa barraquinha chamada "Mustacchios". E encontrei mais tiramisu pra vender, mas dessa vez eu não estava com tanta vontade.


Panorâmica do mercado

Também experimentei o transporte coletivo: usei o metrô e o streetcar. O metro é absurdamente rápido: saí do Eaton Centre e cheguei no Royal Ontario Museum em cinco minutos. Um trajeto um pouco menor, de streetcar, levou uns 20 minutos.

E finalmente entendi o tal do PATH, o emaranhado de corredores subterrâneos que interligam o centro da cidade, formando o maior shopping subterrâneo do mundo. É que os grandes edifícios do centro têm galerias subterrâneas com lojas, e essas galerias são interligadas por pequenos túneis. Dá pra passear por grande parte do centro da cidade sem passar frio na superfície.

Outros destaques do passeio:

Achei outro CD do Godspeed You Black Emperor no Eaton Centre. Foi o Slow Riot for New Zero Kanada.

Apesar de eu ter comprado passagens normalmente, ninguém me pediu o bilhete para o trem que me trouxe à cidade. Ou seja, não tem nada que lhe impeça de pegar o trem e não pagar. Mas, obviamente, ninguém faz isso aqui.

Me pararam para pedir informações na rua. Duas vezes. E pude ajudar nas duas, graças ao mapa que levei comigo.

Ah, o destaque maior foi o visual mesmo...

Só rindo

No sábado a noite fomos ao Yuk Yuk's, que é um comedy club, ou seja, um lugar onde tem shows de stand-up comedy.

Foi, de longe, a melhor noite de sábado que já tive aqui no Canadá. Eu ri até o queixo doer.

Quando você vê o Jerry Seinfeld na TV ou assiste aquele programa medonho do Multishow (que usei pra batizar este post), não tem nem 10% da graça de ver um comediante desses ao vivo. Mesmo porque, longe das câmeras, os caras podem fazer duas coisas:

- Interagir com o público
- Abaixar absurdamente o nível das piadas

O primeiro comediante da noite, por exemplo, saiu perguntando se tinha gente de outras cidades na platéia. Xingou alguns americanos, levantou o dedo médio para alguns ingleses e, quando viu que nós éramos brasileiros, disse:

- Brazil? Fuck, what are you doing here, looking for jobs? Came to enjoy the weather? Fuck, you're retarded...(*)

Parece muito ofensivo assim, escrito, mas na hora fica engraçado porque ele estava escrachando com todo mundo. Na sequência ele saiu fazendo piadas sobre dois temas básicos: masturbação e maconha. Sem o menor pudor.

O segundo comediante foi mais ou menos na mesma linha, mas emendou também algumas piadas com religião:

- Sabe aqueles jogadores de hóquei que, depois do jogo, saem dando entrevista e falando: "Nós ganhamos com a ajuda de Jesus Cristo, nosso salvador"... porra, Jesus Cristo? Então eles trapacearam!

Depois dos risos, ele baixou mais o nível:

- Falando nisso, quem aí está dentro do bolão do Papa?

E depois começou a imitar o Papa, decrépito, se esforçando pra levantar a cabeça. Na piada dele, o Pontífice tentava se erguer pra ver uma mulher que mostrava os peitos. Depois de tentar umas duas vezes, ele exclama: "Bring me a boy!!!" (**)

A platéia exclamou um "WHOA!!" em uníssono, porque aí ele tinha pegado pesado demais...

O terceiro cara, a atração principal da noite, também pegou pesado. Falou muito sobre mulheres, mexeu com várias delas na platéia e selecionou uma das minhas colegas de trabalho para fazer um número de mágica com ele no palco.

Contando assim não tem graça nenhuma, mas eu garanto: Foi muito engraçado...

(*) Porra, o que diabos vocês tão fazendo aqui, procurando emprego? Ou vieram curtir o clima? Caralho, vocês são retardados...

(**) Tragam um menino!!