Ontem, depois do trabalho, acabei incumbido de levar o consultor-sênior do nosso projeto no aeroporto, em Toronto. Como o trânsito estava ruim, a viagem de 40 minutos levou uma hora a mais.

Nessa hora extra acabamos conversando bastante sobre o velho e bom róquenroul e até ouvimos alguns dos CDs dele: um das mulheres loucas do L7, outro (meio chatinho) do Megadeth... aí ele se empolgou e acabou deixando o porta-CDs comigo.

Na viagem de volta resolvi ouvir algumas das coisas dele. Achei logo um Nirvana Greatest Hits de camelô e taquei no som, só pra relembrar os crássicos dos primórdios do grunge.

Só então eu reparei, ali, engarrafado na infinita highway canadense, o tanto que a letra de Come As You Are é parecida com as do Humberto Gessinger...

Come, as you are
As you were
As I wanted you to be
As I friend, as a trend,
As an old enemy
Take your time, hurry up,
The choice is yours, don't be late...
Take a rest, as a friend,
As an old memoriiiiiiiiiiiaaaaaaaaaaa
(...)
And I swear that I don't have a gun...

Depois, achei um CD do Nightwish, de gênero definido pelo meu colega como "metal medieval", e pensei: "Taí, vamos ver do que diabos isso é feito".

Aquele, meus caros, foi um momento inacreditável.

Guitarras moendo, bateria destruíndo e, ao fundo, violinos e até, Bach que me perdoe, um cravo repetindo o solo de guitarra! Meus olhos tavam esbugalhados quando entrou o vocalista(*), apoiado por um coral lírico, cantando letras aventureiras no melhor falsete estilo Massacration.

E na minha mente eu enxergava aquela cavalgada épica, exércitos em disparada sob o pôr do sol, as armaduras metálicas, os cabelos ao vento, as espadas branindo no ar: nunca uma definição de estilo musical foi tão perfeita quanto metal medieval.

Era como se eu tivesse me tornado onisciente e conseguisse ler a mente de todos aqueles jovens nerds cabeludos com camisa de banda de metal que perambulam pela Savassi. Eu até entendi o que O Excêntrico dizia quando mencionava que tal ou tal banda tinha bateria com "bumbo duplo, aquele com dois pedais, que o cara vai tudutudutudutudutudutudutudum..."

Nem eu estou acreditando, mas eu adorei o CD do Nightwish. Podem me xingar, eu provavelmente mereço, mas não vou negar que dirigi a metade final da viagem com um sorriso largo no rosto, exclamando de quando em quando:

- Putz, esse CD é muito doido!...

(*) - Update: O Georges, leitor do blog, me fez uma apropriada correção outro dia pelo MSN. Fui enganado pelo falsete, o vocal é de uma mulher. Essa daqui, ó...