Discos Novos (parte 2)
Outro dia eu comecei a fazer mini-reviews dos discos em MP3 que trouxe de Sete Lagoas. Vamos a mais alguns que ouvi no último período.
THE FLAMING LIPS - Zaireeka
E os lábios flamejantes já começaram atrás porque eles tinham uma tarefa impossível: me mostrar um disco tão bom quanto o Yoshimi Battles the Pink Robot. Mas o Yoshimi é um disco perfeito, e raras são as bandas que lançam dois discos perfeitos.
Luiz me preparou para a audição, explicando que Zaireeka são QUATRO CDs. Mas não são 4 CDs do jeito que você pensou, e sim quatro CDs que precisam ser tocados AO MESMO TEMPO para que Zaireeka faça sentido. A versão que ouvi foi um "stereo mix", ou seja, os quatro CDs já "misturados". Achei legal, mas fiquei com uma vontade louca de ouvir o Zaireeka do jeito que ele foi concebido: com os quatro CDs tocando ao mesmo tempo. Porque pelo que ouvi, ele foi FEITO pra ser tocado com os quatro CDs. Na verdade ele não é um disco, e sim uma meio que experiência sonora, e tem que ser fruída do jeito correto. Bom, quem sabe um dia.
Destaque para a letra absurdamente maluca de "A machine in India", com vaginas no meio e tudo.
FUNKADELIC - Maggot Brain
Funkadelic é um disco de 1971 que, quando toca, te faz ver a enorme nuvem de fumaça de maconha da época em que foi composto. Legítima música para D.A's de faculdade.
Normalmente eu não gosto de coisas antigas assim, mas Maggot Brain foi digerido pelos meus ouvidos sem muito problema. Até mesmo a primeira faixa, um solo de guitarra de 10 minutos, psicodélico até o osso, eu consegui ouvir. Mas, sei lá, não é algo que eu vá pegar pra ouvir todo dia.
THE MENDOZA LINE - We're all in this alone
Esta foi a surpresa da vez. Muito bom esse disquinho! Ele não tem nada de mais, tem lá seu vocal feminino, tem lá suas guitarras popzinhas e funciona que é uma beleza.
Destaque para "Idiot Heart", que me dá déja-vus toda vez que ouço, e para a belíssima, eu disse BELÍSSIMA "Everything we used to be". Por sinal, pelo teor das últimas músicas que tenho gostado, estou vendo que a cada dia que passa eu me torno mais e mais manteigão. Só falta eu viciar em emocore, aí já era.
MOMBOJÓ - Nadadenovo
Esse vai com capinha, ó:
Depois de uma pequena decepção com a Nação Zumbi (que, sem a cabeça de Chico Science, está exatamente assim, zumbi), fiquei meio emburrado com o manguebeat. Mas Luiz me passou esse CDzinho e falou que "esse cê vai gostar". Dito e feito.
Nadadenovo é exatamente isso, "nada de novo". Tem coisas tipo rockabilly, coisas tipo "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura", sambinhas, chorinhos, coisas psicodélicas, etc. E essa salada toda, somada com uma produção elegante e refinada, deu um puta resultado.
Destaque para a faixa "Deixe-se Acreditar". Eu queria botar isso num walkman em eterno repeat e amarrar nos ouvidos de Humberto Gessinger, pra mostrar pra ele como é que se faz uma boa letra de música.
MY BLOODY VALENTINE - Ecstasy and Wine
Luiz tinha me falado que não aguentou ouvir este CD até o fim e que MBV realmente era apenas o "Loveless", o disco perfeito dos caras. Bom, eu sobrevivi até a música cinco...
SOUL-JUNK - 1958
"Ahn... então isso que é abstract hip hop", foi o que eu pensei quando esse disco maluco começou a tocar.
1958 é basicamente um conjunto de blips e tóings do capeta. De vez em quando vem um rapper branco e canta por cima. Se você tocar este disco pra sua tia, ela vai dizer algo mais ou menos assim: "Cruz credo menino, que coisa demoníaca é essa, tá tocando de trás pra frente!".
Eu gostei, mas tem momentos em que ele exagera e fica muito inaudível. E olha que meu limite do inaudível vai longe...
Destaque para a faixa instrumental "Tasmanian Pork", que foi construída sobre um sample de uma música de Bach. Bom, pelo menos é o que parece.
UI - Answers
Este disco é indicação de Papel, a.k.a. Gustavo, baterista da extinta banda Postal Oitenta. "Zé, esse disco é a sua cara, cê vai gostar", dizia ele. Acertou em cheio.
As músicas de "Answers" são músicas normais, feitas por pessoas normais, seus baixos normais, baterias normais, etc. Tudo instrumental, mas feito por músicos muito competentes e sem a menor pretensão. E é exatamente por isso que Answers é um disco fodasso: porque soa despretensioso.
Esse ganha o selo "O Primo" de qualidade.
WEEN - The Molusk
O Ween caiu nas graças de Luiz ultimamente. "Você já ouviu Ween? Deveria ouvir Ween, Ween é legal". Aí peguei logo a discografia inteira dos caras e comecei a ouvir pelo penúltimo disco, o "The Molusk". Mas o que tocou foi Wilco com Ozzy Osbourne com piratas com drinking songs irlandeses com Bruce Springsteen com Nine Inch Nails com pop romântico dos anos 80...
Eu estranhei, mas Ween têm se tornado mais legal conforme o disco passa pelos meus ouvidos. É porque é tudo uma grande piada, complicada de entender no começo.
Destaque para "Waving my dick in the wind". Essa é diversão instantânea mesmo, música para se balançar a... cabeça... enquanto ouve.